quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Clamor do orgasmo

Só hoje quero sentir teu corpo delicado
Maltratar-te os lábios aos beijos intensos
Fazer dos dois um corpo unificado
Ser-te o suor que escalda os momentos.

Só hoje quero sentir teus odores
Escutar-te os gemidos prazerosos
Perder-me de amor ao som desses ardores
Encontrar os caminhos perfeitos e fervorosos.

Só hoje vou te ter na eternidade
E a cada instante teu calor em minha cama
Ser-te-ei um bicho no cio da vaidade.

Nossos corpos já vorazes nessa chama
Se queimam em desejos de caridade
Que o hoje não acabe, o orgasmo clama...

Roberto Weber de M. Milla

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Crônica de um ano novo

Entra ano novo, já depressa!
Sai ano velho, nem espera!
Restam de muitos os desejos,
Da grande maioria os apelos.
Nem são tantos:
Paz, amor, fraternidade e esperança são alguns.
Mas, o que oferecemos para consegui-los?
............................................, ...
O silêncio espelha a reflexão...
Passou o ano e agora tarda,
Nada há mais que se mudar.
Vamos ter neste novo que ascende,
Um ídolo chamado diferença,
Em vez de desejos, metas.
Em vez de apelos, conquistas.
Chega de desejar, de pedir tanto!
Nós seremos a paz!
E em cada um iremos semeá-la.
Nós seremos o amor!
E contagiaremos o mundo com sua força.
Nós seremos a fraternidade!
E com ela faremos próximos aqueles tão distantes.
Nós seremos a esperança!
E os olhos da vida transformarão nossa imagem.
Entra ano novo...
Sai ano velho...
Alguns passos diferentes,
Para começarmos de onde deve ser o começo...

Roberto Weber de M. Milla

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Anjo delirante (poema de sete faces)

Quando nasci
Um anjo delirante
Esclamou alegre, sorridente
Roberto, por que não cantas?
O dom que tens é poesia

Vim do céu sou teu anjo
O que quero de ti é alegria
Canta roberto, canta
Êita, não tem hora nem tem dia

Minha noite ela fazia
Então canta roberto, canta
Um anjo louco e delirante

Amigo meu não era fantasia
Me disse – teu dom é poesia e então
O que estou esperando é o verso ritmado
Roberto, porque não cantas?

Roberto Weber de M. Milla

Doce Maíra

Minha doce Maíra,
Por que porta saíra?
Soturno meu coração reclama
O direito de retornar ao peito
D’onde tanto afã por ti
Ao tocar-lhe tremeu-se de medo.

Minha doce Maíra,
Por que porta saíra?
Reservo a mim o desejo
Fruto de um calor tirano
Que de amar fez do amor profano
Fonte infinita de sossego.

Minha doce Maíra,
Por que porta saíra?
Quando laços de cristais aprisionam
O vermelho das chamas do poente
Que nos une e queima com porfia
Um coração amigo ardia...

Minha doce Maíra,
Por que porta saíra?
E sei que de te amar não sou prudente
Pois sofro só em manso lago
Que por mais que chova, é secura
Sonhando com tua boca nua e pura.
Por que porta saíra?
Minha doce Maíra...

Roberto Weber de M. Milla

Canção do morto

Estou com sono...
Tudo o que quero é dormir
Dessa vida triste vou sumir
Para acordar em outra só no outono.

Quem me dera não ter mais que lamentar
A labuta de esses dias, descansar
Quem me dera ser formoso atleta
Coroar minha sina em repouso
Caminhar com as pessoas em gozo
Quem me dera não ser um “tão simples” poeta...

Pois do que vive a poesia?
Senão da imensa dor e da agonia
Por ninguém entender o que escrevo
Sofro na prisão de um quarto escuro
Onde cada pensamento doce e puro
Perde-se nessas paredes sem enlevo.

Tudo o que resta é um pensamento torto
Dessa loucura que se chama quimera
E insiste haver primavera
Onde tudo que existe é um poeta morto...

Roberto Weber de M. Milla

Coração de porcelana

Caminha a menina alegre pela rua
Exibindo seu belo vestido e botas brancas
Desprendidos e airosos seus cabelos são levados
Pelo vento que suavemente toca-lhe a pele
Que rosada em olhos azuis e fios dourados
Exala a fragrância de uma flor libertina
Que desfila nesse mundo de perigos e tasca
A dançar por entre cravos “mansos”
E dos jardins a observam com espanto
Dos galhos tremidos ficam perguntando
Como pode haver tal alegria nessa menina?
Então da indagação vem o desespero
Do desespero reinou a inveja
De uma flor que deles cuidava com tanto zelo
Só restou dela o apelo
E o vestido branco pega e rasga
Corta-lhe as raízes verdes e florentes
Aquela flor tão bela e luzente
Virou um cravo deprimente
Que nunca será florescente
Enquanto o seu jardim for imundo e sua vida um drama
Tudo que lhe resta é um coração de porcelana...

Vida prostituta

Sou um vagabundo perdido
Fui jogado ao mundo prostituto sem opinião
Onde quem pensa chamam de mendigo
Somos quadrados sem saber por que razão
Devemos seguir com os outros sem despeito
Aos ídolos que estampamos no peito.

E aí daquele que sair da forma
É lançado ao rio sem demora
Não questionar essa é a norma, pois
Mesmo o destemido se apavora
Com a vastidão das águas misteriosas
Que lhe abrem a mente nessas vidas desastrosas.

Mas porque sair dessa roda?
Se somos todos programados iguais
Pelos nossos ídolos e protetores geniais
Para que possam distrair com pão e circo
Os vagabundos quadrados que dizem – ta eu fico!
A desculpa de todos é a moda.

Sou um vagabundo perdido e sem gume
Com uma caneta, um papel e uma corda
A caneta escreve no papel e a corda faz volume...

Roberto Weber de M. Milla