quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Coração de porcelana

Caminha a menina alegre pela rua
Exibindo seu belo vestido e botas brancas
Desprendidos e airosos seus cabelos são levados
Pelo vento que suavemente toca-lhe a pele
Que rosada em olhos azuis e fios dourados
Exala a fragrância de uma flor libertina
Que desfila nesse mundo de perigos e tasca
A dançar por entre cravos “mansos”
E dos jardins a observam com espanto
Dos galhos tremidos ficam perguntando
Como pode haver tal alegria nessa menina?
Então da indagação vem o desespero
Do desespero reinou a inveja
De uma flor que deles cuidava com tanto zelo
Só restou dela o apelo
E o vestido branco pega e rasga
Corta-lhe as raízes verdes e florentes
Aquela flor tão bela e luzente
Virou um cravo deprimente
Que nunca será florescente
Enquanto o seu jardim for imundo e sua vida um drama
Tudo que lhe resta é um coração de porcelana...

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